terça-feira, 26 de julho de 2016

Maico Misiuk - o narrador do litoral


Mais conhecido como “narrador do litoral”, Maico Misiuk, natural de São José - Santa Catarina, há 14 anos vem transmitindo a magia do rodeio em todos os cantos do país. É sucesso por onde passa, com sua voz e simpatia que o destaca e o difere. Em 2002, foi o ano em que tudo começou, quando nos treinos do CTG Os Praianos, de modo inusitado, começou a narrar. “Um amigo meu era o narrador oficial dos treinos, o Murilo Oliveira, e em uma noite chuvosa, que tinha poucas pessoas, ele queria laçar, mas não tinha quem narrasse, então recebi o convite para conduzir aquela planilha”, relata.
Maico conta que naquele momento seu desempenho foi satisfatório, e acabou dividindo a cabine em todos os treinos ao lado de Murilo. No entanto, o narrador oficial precisou sair dos treinos por motivos de outro trabalho e, a partir de então, foi convidado para assumir o seu lugar, onde ficou durante cinco anos narrando todas as quartas-feiras. “Eu narrava sozinho, com apenas uma pequena caixa de som e tínhamos em média 150 a 200 laçadores por noite e todos atiravam cinco voltas e mais a final”. O narrador define os treinos que narrou como uma escola e diz ter orgulho, pois foi onde aprendeu muito e foi a partir dali que começaram a surgir os primeiros convites para narrar rodeios.
O primeiro rodeio que narrou foi em 2003, em sua cidade, em São José – SC, nos praianos, onde foi o primeiro rodeio 24 horas do Brasil, realizado pelo patrão Israel Cunha, ele que abriu as portas para Maico, já que ainda era como um narrador reserva. “Eu só entrava em horários que por algum motivo, algum narrador não poderia estar. Foram dez dias de rodeio e eu narrei até o último dia. Foi inesquecível. Peguei as escalas na madrugada durante o dia, e foi minha estréia nesse evento marcante”.
Misiuk recebeu muito incentivo de seus amigos, que foi muito importante para continuar no caminho. Depois que a narração foi ficando mais séria, precisou abandonar o laço para se dedicar somente a seu trabalho.
A paixão e admiração pela narração não vem de hoje, pois desde criança já ouvia o futebol passando no rádio ou na Tv, só para poder escutar os narradores. Quando a profissão começou a embalar, as portas se abrir e a rentabilidade financeira chegar, percebeu que era isso mesmo que queria para sua vida.
Sobre o laço comprido, o narrador conta que além de seu sustento, a sua história como homem e como narrador, tudo que tem financeiramente e pessoalmente, deve a narração e, consequentemente, ao laço comprido. “É um dos poucos esportes que você tem todas as classes sociais participando e numa igualdade de condições. Desde criança de três anos numa vaca parada, até senhores de mais de 80 anos atirando as suas últimas armadas de sua existência”.
Entre tantos e tantos rodeios que teve o privilégio de narrar profissionalmente, Maico destaca alguns, incluindo a final do 10° Rodeio Internacional dos Praianos, em 2007, com uma equipe de SC e uma do RS que deram 24 voltas, o que é raro acontecer com equipes. “Tivemos que segurar aquela final, eu e o Murilo. Foi lindo demais, e lembro que o então governador do estado de SC, já falecido, Luis Henrique da Silveira, subiu na cabine para falar e iríamos dar uma pausa para seu pronunciamento, mas ele disse para continuarmos e não parar”. Também cita como um rodeio marcante a primeira vez que narrou a Vacaria, que seria até sexta-feira, mas foi escalado para narrar o sábado e o domingo, e a primeira vez que narrou o CLC (Circuito de Laço Comprido), na seleção de SC.
O narrador relata que sempre se prepara antes de cada rodeio, estuda algumas situações de narração com o evento e o local aonde irá. Estuda também quando colocam na responsabilidade de fazer a oração do rodeio, mas em várias situações, precisa ser no improviso, no tino e no talento. “São várias as situações inusitadas que você também pode aproveitar e fazer um momento de emoção, por isso, sempre falo que narrador você nasce sendo, não se fabrica um, com o passar do tempo conforme a dedicação de cada um acontece o aprimoramento e evolução”.
De uma geração mais nova que cresceram junto ao seu lado viajando a rodeios e com isso fica realmente feliz por dar essa parcela de contribuição na vida de cada um como laçadores, cita Sérgio Guimarães, Zenito Silva, Zé Felipe e Rafael Calegari, que são campeões internacionais. “Sou fã desses meninos dentro e fora de cancha pelo talento e pela conduta com suas famílias, como Vanderlei Vaz, Coco Leite, Benicio, Daniel Cunha, Gilson Santos, Marlon Fernandes, Evandro Mendes”.  Também diz admirar muito como laçadores e pessoas Alan Soares e Thaian De Ávila, por tudo que já conquistaram e continuam com a humildade de dois simples meninos. Já de uma geração mais antiga, pelo que fizeram pelo laço, cita Ari Correia, Sebastião Borges, Aldo Brun, Reni Soares, Aldori Delfino, Leandro Reis e Daniel Fonseca.
Apesar de que tivemos uma evolução significativa nos últimos anos no laço, em organização, qualificação dos profissionais e por entender que estamos no caminho certo, segundo Maico falta dar mais espaço na mídia para esse esporte, mais apoio do governo, que colocam tanto dinheiro em tantas outras coisas sem futuro e deixam nosso meio que além de ser um esporte e uma cultura fantástica, é o segundo mais praticado do Rio Grande do Sul, depois do futebol, sendo o terceiro em Santa Catarina e o primeiro em Mato Grosso do Sul. “Não entendo como as empresas privadas não se deram conta ainda de quanto gira em torno de pessoas e empregabilidade nos rodeios de hoje, empregos diretos e indiretos. Por isso, acho que se a mídia dar o espaço que merecemos, mais empresas e o governo irá investir e ter o retorno que almejam”.
Maico explica que o segredo por ser um dos melhores narradores do Brasil é, justamente, não pensar muito nisso e ir em busca de aprimorar e estudar sempre. “Procuro me manter tranquilo quanto a isso, não me iludo muito com elogios e nem me abalo com as críticas. Absorvo só o que realmente vai me acrescentar”. Estuda e se dedica bastante a sua profissão, procurando ser o mais correto possível e sempre que pode ajudar alguém ajuda e, principalmente, aprende muito com os amigos, com laçadores, com colegas de trabalhos, até mesmo com veterano ou iniciante.
“Aprendo algo em todo rodeio, parece ser meio repetitivo, mas é algo que não foge disso mesmo. Muita fé em Deus primeiramente, muita humildade e fazer com amor, com o coração, seja um rodeio no fundo de uma fazenda ou um rodeio internacional para grandes públicos, todos merecem o seu melhor”.
A dica ou recado que tem para passar para essas novas vozes que estão surgindo na narração é que acima de tudo, tenham muita humildade para estar sempre aprendendo, pois é uma profissão fácil de deixar subir a cabeça e com isso se perder grandes talentos.
Para Maico, rodeio é um dos poucos lugares da sociedade que existe e é valorizado pela instituição que é a base de tudo, a família. São vários que frequentam, existem as modalidades para todos de uma família participar e isso em sua opinião é o ponto alto. “Temos meninos, crianças e adolescentes que estão ali e com isso, com a cabeça longe de coisas e atitudes erradas. Se essas crianças e adolescentes vão seguir o caminho correto na vida, eu não sei, mas o que eu sei é que não vai ser ali no rodeio que irão aprender coisas erradas”.

 “Quero aqui parabenizar o Blog Entre os Tentos e todos os responsáveis. Pessoas como vocês que fazem nosso esporte crescer, ter visibilidade, e aos poucos ir ganhando o espaço na mídia que merecemos. Agradecer em meu nome e de todos os narradores de rodeio do Brasil por abrir o espaço para falarmos da nossa profissão e, evidentemente, muito feliz por ter sido escolhido no meio de tantos profissionais de qualidade. Obrigado e parabéns pelo grande trabalho”.(Maico Misiuk)

sexta-feira, 8 de julho de 2016

História de Rédea Bamba - a marca dos laçadores


 Tudo começou no dia 30 de setembro de 2013 com a ideia criativa e inovadora de Diego Soares, de 24 anos, graduado em Publicidade e Propaganda e natural de Curitiba-PR. O jovem ousou de sua criatividade e foi responsável pela criação da marca Rédea Bamba – uma das marcas mais famosas no mundo do laço comprido. E o sucesso não vem de hoje, pois em dois meses da página no facebook, já havia alcançado mais de duas mil curtidas. Hoje, com praticamente três anos de história, a marca já chega a quase 30 mil curtidas na página e muitos pedidos de produtos todos os meses.

Diego conta que no início foi difícil, pois as pessoas ainda tinham aquele receio de comprar algo pela internet e também porque não conheciam a marca para poder confiar. No entanto, as encomendas foram surgindo e ficando cada vez mais conhecida. E para sua surpresa, sucesso foi tanto, que precisou pedir ajuda para seus pais e irmão, pois a demanda estava aumentando e era quase impossível conseguir monitorar tudo sozinho.

“Eu queria fazer algo diferente. Na época, eu fazia estágio e trabalhava com gerenciamento de página e criação de conteúdo, e como eu gostava de laço e percebi que tinha pouca coisa, e o que tinha era mais voltado para a tradição, algo mais formal, e então tive a ideia de criar algo voltado ao laço e ao humor”, explica Diego. Ele também conta que sempre gostou de desenhar e quando desenhava, sempre fazia os cavalos correndo de rédea bamba, e com a cor da rédea vermelha porque sempre via em vídeos os cavalos de Mato Grosso correndo de orelha murcha.

No início, a ideia era para ser algo voltado somente ao humor, mas foi percebendo a sua volta que era tudo muito igual, que estava faltando algo diferente do que já existia, e pelo nosso mercado de laço comprido ser tão grande e merecer algo novo, começou a confecção de produtos da Rédea Bamba.

Diego é responsável pelas ideias, criação do conteúdo e edição, mas conta que a ideia também vem nas conversas entre amigos e as citações nos rodeios, pois o foco é a linguagem que os laçadores usam.

Não pensando somente no sucesso, atualmente, a marca Rédea Bamba está com a campanha Futuro Laçador, que tem o intuito de ajudar o próximo, arrecadando pilchas para quem gosta, mas não tem condições. “Como temos um poder grande de visualização, pensei em tentar fazer alguma coisa por alguém, pois várias pessoas iriam ver nossa ideia e participar. Acho que temos que ter esse lado social, não só pensando em ganhar dinheiro ou fazer o pessoal dar risada. No nosso caso, queremos ajudar quem será nossos futuros laçadores”, ressalta.

Entretanto, as coisas não estão indo bem com a campanha, o que é realmente desanimador e que a marca não esperava. “Pensei que ia ser diferente, que o pessoal ia abraçar a causa, mas não está sendo como eu esperava, porém ainda acredito que tem pessoas do bem que vão ajudar”, avalia.

Além das roupas, em breve será lançado fivelas da Rédea Bamba e uma outra marca está sendo estudada para entrar em ação.

“Falta coisas como essas no laço comprido, da história dos laçadores, de contar outras histórias bonitas e isso o blog de vocês aborda. Parabéns pela iniciativa, torço pelo sucesso do Entre os Tentos. Também quero pedir que o pessoal que laça com a armada pequena e segura a rolha, não ficarem bravos com nossas postagens e que faça armada maior e vamo pra cima”, relata Diego, nunca deixando seu humor de lado.




segunda-feira, 4 de julho de 2016

Alan Soares: técnica e dedicação

Nascido em Montenegro, Alan Soares nasceu para ser campeão, e quando a pessoa nasce com o dom e talento, não tem nada que possa intervir. E o resultado é esse: não tem onde ele pise que não seja conhecido, por ser considerado como um dos maiores laçadores do Brasil. E o melhor: entende que humildade e armada maragata andam juntas. Conheça um pouco mais da história desse jovem de apenas 25 anos, que faz bonito quando o assunto é laço.

Blog: Como começou a laçar?

Alan: Então, comecei a laçar na vaca parada com dois anos de idade.

Blog: Recebeu incentivo de alguém para começar a prática do esporte?

Alan: Recebi o incentivo da minha família, do meu pai e da minha mãe, que foi muito importante.

Blog: Como é tua rotina fora dos rodeios?

Alan: Muito treino e damos curso de laço em diferentes cidades e estados.

Blog: Tem planos para o futuro além do laço?

Alan: Tenho planos sim até porque vai chegar um tempo que o laço não vai dar mais.

Blog: Falando sobre a final do Camaro em Santa Cruz do Sul, como foi aquela final? Quando foram ficando dez duplas e depois três, incluindo uma dupla da casa, ambas muito fortes?

Alan: Foi uma das finais mais emocionantes da minha vida. Quando ficaram somente as três duplas qualquer uma podia ter ganhado, porque eram muito fortes e as outras também.

Blog: Falando em vitória, recentemente, teve o privilégio de ganhar um carro ao lado da tua irmã, como foi? O que significou pra ti?

Alan: Para mim, ganhar ao lado dela foi sensacional, por ser o primeiro carro dela e por ter ganhado com ela, foi muito emocionante.

Blog: Sobre a Ariane te acompanhar em todos os rodeios a fora, sempre ao teu lado e seguindo teus passos, vocês se dão bem quanto a isso ou tem desentendimentos?

Alan: Estamos juntos sim em quase todos os finais de semana. Tem as briguinhas sim, mas é coisa normal de irmãos, e é muito bom tê-la por perto.

Blog: Como é o treino de vocês? Durante a semana se reúnem para correr boi ou o treino é nos rodeios mesmo?

Alan: Treinamos em casa mesmo, mas não é sempre, mas quando treinamos, atiramos bastante armadas.

Blog: Sobre tua parceria com o Thaian, o que tem a dizer sobre essa parceria vitoriosa? Existe segredo para uma dupla dar tão certo?

Alan: Nossa parceria deu muito certo porque a gente não se cobra. Quando um erra, o outro dá força, enquanto muitos se desentendem. Todo mundo erra, errar faz parte da vida.

Blog: Teus pais não reclamam por todos os finais estar fora de casa ou é tranquilo quanto a isso?

Alan: Não tem reclamação não, dá saudade quando ficamos muitos dias longe de casa, mas é normal.

Blog: Entre tantos rodeios e vitórias, teve algum especial que te marcou?

Alan: Sempre tem as vitórias que marcam, por exemplo, Vacaria, Camaro, Fecars, Brasileirão, CLC e o final de semana que passou que ganhei ao lado da minha irmã também me marcou muito, entre tantos outros.

Blog: A parte boa e ruim dos rodeios?

Alan: A parte boa é quando ocorre tudo bem, se ganhar tá bom e acho que parte ruim não tem.

Blog: Um recado, mensagem ou dica para quem ainda quer ser um grande campeão?

Alan: Acho que para ser um bom laçador, a primeira coisa é a humildade, porque ninguém é melhor que ninguém e tem que ter muita dedicação também.
Alan Soares

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Ariane Soares: um talento que veio de berço

E para quem ainda tem aquele pensamento de que mulher não tem a capacidade de um homem ou que não pode disputar de igual para igual, Ariane Soares, de 18 anos, esta aí para provar de que a mulher gaúcha tem a mesma força e técnica, ou se não mais, do que um homem no laço comprido. E quando o assunto é laço, a "nega", como é mais conhecida, tira de letra. São armadas de sentar e bater palma e de se inspirar. Confira a entrevista que o nosso blog fez com Ariane e conheça um pouco mais de sua história.

Blog: Como iniciou sua carreira no laço comprido?

Ariane: Comecei a laçar com seis anos em rodeios, já tinha começado com quatro, mas ainda tinha medo do cavalo.

Blog: Teve alguém que te motivou a praticar o esporte?

Ariane: Sim, minha família. Pai, mãe e meu irmão.

Blog: Entre tantos rodeios e vitórias, teve algum e um título que mais te marcou?

Ariane: Vários títulos me marcaram, um deles foi quando lacei no primeiro rodeio e ganhei o segundo lugar, o outro foi Vacaria, que sempre foi meu sonho ganhar lá e também o Braço de Ouro do Rio Grande do Sul, pois nenhuma mulher ainda tinha ganhado. E sem esquecer, do carro que ganhei com meu irmão recentemente. Isso não tem preço que pague.

Blog: É contra hoje em dia, algumas rodeios permitirem laçar de calça jeans? Qual tua opinião sobre isso? Acha que isso é falta de respeito com a cultura gaúcha?

Ariane: Para mim não tem problema nenhum da pessoa laçar com calça, não é porque vou laçar de calça que eu vou perder a minha cultura. O tempo passa, as coisas mudam e a gente não pode ficar pra trás.

Blog: Tu citou teu irmão como um dos teus incentivadores e imagino que ele seja muita coisa pra ti, por ser teu companheiro nos rodeios a fora e até dividir títulos contigo, como aconteceu recentemente. O que tem a dizer sobre ele?

Ariane: O Alan, ah o Alan é muito importante na minha vida e nos rodeios. Ele que me ensina, ele vê o que estou errando e preciso mudar, tem um talento enorme e sabe usar muito bem.

Blog: Como são teus pais em relação a tuas saídas todo final de semana para rodeios?

Ariane: Meus pais me apoiam. Não há reclamações.

Blog: Quais são teus planos para teu futuro?

Ariane: Quero cursar odontologia, e quando começar vou dar uma parada nos rodeios pra me dedicar a faculdade.

Blog: Sendo a Ariane Soares, sabendo que tu tem nome e que é conhecida por onde passa, e ao mesmo tempo, tão novinha, essa fama não te assusta?

Ariane: Sobre a fama me assustei um pouco esse ano, porque o povo tava me pedindo pra tirar foto comigo e eu não imaginava que era tudo isso (risos).

Blog: Quando era pequena, sofreu um acidente em virtude de estar montando a cavalo, pode nos contar como foi?

Ariane: Eu tinha cinco anos, era pequena, estava aprendendo a laçar e eu estava andando a cavalo, mas já ia descer aí fiquei de lado nos arreio esperando meu chinelo. De repente, passou aqueles carros na rua atirando foguetes, fazendo show, e minha égua se assustou e disparou. Então eu cai e a outra égua que eu tava segurando passou por cima de mim, aí eu não podia dormir porque entrava em coma. Foi horrível porque quebrei o ombro, mas no outro dia já queria voltar para o rodeio e não fiquei com medo.

Blog: Existe segredo para ser uma campeã?

Ariane: Segredo não tem, mas os treinos ajudam bastante.
Ariane Soares