Uma entrevista com o Narrador Tiago Baggiotto
Nascido em Segredo-RS, formado em Direito, com Pós-Graduação em Gestão Universitária, Tiago Baggiotto carrega uma história bonita como narrador. São entre 30 a 40 rodeios por ano. E cerca de 500 rodeios como narrador já passaram por sua vida. Por onde ele passa deixa sua marca como um exemplo de humildade e, principalmente, uma grande e talentosa voz, que deixa a magia do rodeio ainda mais brilhante. É claro que o blog Entre os Tentos não podia deixar passar de entrevistar um grande talento da nossa "casa". Confira a entrevista espetacular com Baggiotto:
Blog: Como surgiu o gosto por narrar rodeios?
Baggiotto: Sempre gostei demais de tudo que fosse relacionado á tradição Gaúcha. Minha paixão por cavalos surgiu desde que me conheço por gente. Então sempre me envolvi com tudo relacionado: cavalos, danças, música. Modéstia parte, sempre tive aptidão vocal, então ficou fácil a reprodução mesmo de brincadeira de narração. Era criança ainda, ficava o dia todo treinando vaca parada e simulando finais de rodeio. Imitava grandes laçadores e narradores enquanto passava tardes laçando. E então surgiu a oportunidade de narrar.
Blog: Lembra quando e qual foi teu primeiro rodeio como narrador?
Baggiotto: Em 1993, eu tinha 14 anos, num rodeio do CTG Estrela do Pago, em Estrela Velha. Nessa época, ainda não era de forma profissional. Ainda se fazia rodeios com gado emprestado, um modelo ainda muito baseado em amizade, troca de favores e visitas. Eu laçava, dançava em invernada, tocava violão e cantava, fazia de tudo que era possível por gosto. E aí surgiu a oportunidade de narrar as primeiras armadas e gineteadas.
Blog: Quando percebeu que realmente tinha talento para narrar?
Baggiotto: Não por falsa modéstia, mas é difícil e até mesmo creio não soar bem falar de si mesmo. Sempre primei por ser humilde e buscar o resultado e avaliação nas pessoas que eu tinha referência como pessoas, laçadores e narradores. E o retorno positivo dessas pessoas que eu admirava me levaram a acreditar no meu potencial e seguir em frente nessa profissão, que tantas alegrias me proporciona.
Blog: Como narrador carrega uma grande responsabilidade de transmitir para todos a emoção do rodeio, principalmente, nas finais como, por exemplo, a final do Camaro e tantas outras finais de deixar todo mundo arrepiado. Qual é a sensação disso tudo? De saber que depende de ti e de mais ninguém de transmitir o que todos estão sentindo naquele momento?
Baggiotto: Sim, isso é uma grande máxima do narrador, muito bem colocado por vocês: carregamos uma grande responsabilidade de transmitir a emoção do rodeio. E isso serve de estímulo para ser cuidadoso, para que de uma forma respeitosa narrar, transmitir, explicar, emocionar. É verdade que há muitos narradores em muitos estilos, variando também isso de acordo com o gosto de cada um. Mas eu sempre primei por tentar ser claro no amplo sentido, pros laçadores, pro público que assiste, que nem sempre sabe exatamente o que acontece no momento do rodeio. A responsabilidade faz com que eu me esforce ainda mais para fazer aquilo como deve ser feito, com dedicação e seriedade.
Blog: É engraçado como os que estão "de fora" conseguem perceber que tu se emociona junto com a gente. Aquela final do Camaro foi uma prova disso. E falando daquela disputa acirrada, pode nos contar o que sentiu como narrador quando foram ficando poucas duplas, entre elas Ricardo Severo e Mateus Santos?
Baggiotto: Mas é isso mesmo, as palavras emocionadas são o reflexo do que eu estou sentindo no momento. Tomando como exemplo a final do Camaro, onde ficaram entre as três melhores nossos garotos daqui de Santa Cruz do Sul, Ricardo Severo e Mateus Santos, até mesmo quem é de fora aceita numa boa e respeita uma "torcida para a dupla da casa". Isso sempre de uma maneira não tão parcial e, principalmente, não provocativa. De uma maneira respeitosa, a gente carrega todos os laçadores para uma glória, e pra quem perde, as palavras do narrador também podem ser de consolo. E essa final era muito especial por esses meninos terem uma ligação muito grande comigo e com a cidade. Foi um momento que eu vou guardar para o resto da vida.
Blog: Teve alguém que te deu apoio e incentivo para começar a narrar?
Baggiotto: Na verdade não a começar a narrar, que isso foi meio espontâneo como comentei na outra resposta, quando ainda era piá. Mas um grande amigo que me deu muita força a seguir como profissional, e a quem devo muito é o nosso amigo Téo Santos. Logo que cheguei aqui em Santa Cruz do Sul, foi com ele que comecei a narrar, e sempre tive portas abertas na cabine de narração e na sua casa.
Blog: Hoje, sendo considerado como uma das maiores vozes do rodeio, sendo convidado a ir narrar rodeios importantes como Vacaria e até fora do estado, qual é o sentimento?
Baggiotto: O sentimento é de honra, orgulho e agradecimento. Mas isso não me leva a acomodação, pelo contrário, busco cada vez mais o aperfeiçoamento e com dedicação aprimorar fazendo com muito gosto tudo que estiver ao meu alcance, pois cada história é única.
Blog: Qual o segredo para esse talento?
Baggiotto: Acho que na verdade não há segredo. Creio que o que me levou a esse patamar foi primeiramente o amor a tradição, o gosto pelas nossas coisas, o envolvimento com a nossa cultura, seguido pela dedicação e força de vontade e, principalmente, o comprometimento.
Blog: Qual o conselho que daria para essas novas vozes que estão surgindo e que ainda irão surgir?
Baggiotto: Que encarem esse caminho com seriedade e respeito. Que busquem o seu espaço com tranquilidade e dedicação, fazendo um trabalho voltado para disseminar a nossa cultura no amplo sentido.
Blog: Teve algum rodeio que mais te marcou durante essa trajetória?
Baggiotto: Cada rodeio tem tem a sua peculiaridade, poderia qualificar cada um deles com amplos adjetivos. Pelo local, pelas pessoas, pelos acontecimentos. Mas narrar a Vacaria, principalmente, quando fui pela primeira vez, foi uma emoção diferente.
Blog: Como é tua preparação quando sabe que no final de semana tem rodeio para narrar? Te prepara durante a semana ou chega na hora e vem tudo na cabeça?
Baggiotto: Creio que o grande diferencial do sucesso do narrador seja a capacidade de percepção, de aproveitar a oportunidade, de pegar o "pulo-do-gato". Eu busco alguns recursos anteriormente, mas a maioria das coisas é na hora mesmo. Até mesmo diante da quantidade de fatos e acontecimentos, seria impossível algo pronta ou ensaiado.
"Gostaria de encerrar dizendo da alegria em poder fazer o que faço. Cada acontecimento reverbera esse sentimento de orgulho. Coisas como ver a criação do Blog e Página ENTRE OS TENTOS, bem como ser chamado a dar minha participação, me fazem sempre acreditar na continuidade da nossa Cultura e da nossa Tradição, que sempre me levam a contribuir com muito gosto. Sempre digo que nós temos a responsabilidade de deixar para as nossas futuras gerações tudo aquilo que recebemos dos nossos antepassados. Boa sorte e contem sempre comigo para o que for preciso, entendendo essa mensagem á todos que lerem essa pequena história de vida do narrador Baggiotto. Muito obrigado!"
Blog: Como surgiu o gosto por narrar rodeios?
Baggiotto: Sempre gostei demais de tudo que fosse relacionado á tradição Gaúcha. Minha paixão por cavalos surgiu desde que me conheço por gente. Então sempre me envolvi com tudo relacionado: cavalos, danças, música. Modéstia parte, sempre tive aptidão vocal, então ficou fácil a reprodução mesmo de brincadeira de narração. Era criança ainda, ficava o dia todo treinando vaca parada e simulando finais de rodeio. Imitava grandes laçadores e narradores enquanto passava tardes laçando. E então surgiu a oportunidade de narrar.
Blog: Lembra quando e qual foi teu primeiro rodeio como narrador?
Baggiotto: Em 1993, eu tinha 14 anos, num rodeio do CTG Estrela do Pago, em Estrela Velha. Nessa época, ainda não era de forma profissional. Ainda se fazia rodeios com gado emprestado, um modelo ainda muito baseado em amizade, troca de favores e visitas. Eu laçava, dançava em invernada, tocava violão e cantava, fazia de tudo que era possível por gosto. E aí surgiu a oportunidade de narrar as primeiras armadas e gineteadas.
Blog: Quando percebeu que realmente tinha talento para narrar?
Baggiotto: Não por falsa modéstia, mas é difícil e até mesmo creio não soar bem falar de si mesmo. Sempre primei por ser humilde e buscar o resultado e avaliação nas pessoas que eu tinha referência como pessoas, laçadores e narradores. E o retorno positivo dessas pessoas que eu admirava me levaram a acreditar no meu potencial e seguir em frente nessa profissão, que tantas alegrias me proporciona.
Blog: Como narrador carrega uma grande responsabilidade de transmitir para todos a emoção do rodeio, principalmente, nas finais como, por exemplo, a final do Camaro e tantas outras finais de deixar todo mundo arrepiado. Qual é a sensação disso tudo? De saber que depende de ti e de mais ninguém de transmitir o que todos estão sentindo naquele momento?
Baggiotto: Sim, isso é uma grande máxima do narrador, muito bem colocado por vocês: carregamos uma grande responsabilidade de transmitir a emoção do rodeio. E isso serve de estímulo para ser cuidadoso, para que de uma forma respeitosa narrar, transmitir, explicar, emocionar. É verdade que há muitos narradores em muitos estilos, variando também isso de acordo com o gosto de cada um. Mas eu sempre primei por tentar ser claro no amplo sentido, pros laçadores, pro público que assiste, que nem sempre sabe exatamente o que acontece no momento do rodeio. A responsabilidade faz com que eu me esforce ainda mais para fazer aquilo como deve ser feito, com dedicação e seriedade.
Blog: É engraçado como os que estão "de fora" conseguem perceber que tu se emociona junto com a gente. Aquela final do Camaro foi uma prova disso. E falando daquela disputa acirrada, pode nos contar o que sentiu como narrador quando foram ficando poucas duplas, entre elas Ricardo Severo e Mateus Santos?
Baggiotto: Mas é isso mesmo, as palavras emocionadas são o reflexo do que eu estou sentindo no momento. Tomando como exemplo a final do Camaro, onde ficaram entre as três melhores nossos garotos daqui de Santa Cruz do Sul, Ricardo Severo e Mateus Santos, até mesmo quem é de fora aceita numa boa e respeita uma "torcida para a dupla da casa". Isso sempre de uma maneira não tão parcial e, principalmente, não provocativa. De uma maneira respeitosa, a gente carrega todos os laçadores para uma glória, e pra quem perde, as palavras do narrador também podem ser de consolo. E essa final era muito especial por esses meninos terem uma ligação muito grande comigo e com a cidade. Foi um momento que eu vou guardar para o resto da vida.
Blog: Teve alguém que te deu apoio e incentivo para começar a narrar?
Baggiotto: Na verdade não a começar a narrar, que isso foi meio espontâneo como comentei na outra resposta, quando ainda era piá. Mas um grande amigo que me deu muita força a seguir como profissional, e a quem devo muito é o nosso amigo Téo Santos. Logo que cheguei aqui em Santa Cruz do Sul, foi com ele que comecei a narrar, e sempre tive portas abertas na cabine de narração e na sua casa.
Blog: Hoje, sendo considerado como uma das maiores vozes do rodeio, sendo convidado a ir narrar rodeios importantes como Vacaria e até fora do estado, qual é o sentimento?
Baggiotto: O sentimento é de honra, orgulho e agradecimento. Mas isso não me leva a acomodação, pelo contrário, busco cada vez mais o aperfeiçoamento e com dedicação aprimorar fazendo com muito gosto tudo que estiver ao meu alcance, pois cada história é única.
Blog: Qual o segredo para esse talento?
Baggiotto: Acho que na verdade não há segredo. Creio que o que me levou a esse patamar foi primeiramente o amor a tradição, o gosto pelas nossas coisas, o envolvimento com a nossa cultura, seguido pela dedicação e força de vontade e, principalmente, o comprometimento.
Blog: Qual o conselho que daria para essas novas vozes que estão surgindo e que ainda irão surgir?
Baggiotto: Que encarem esse caminho com seriedade e respeito. Que busquem o seu espaço com tranquilidade e dedicação, fazendo um trabalho voltado para disseminar a nossa cultura no amplo sentido.
Blog: Teve algum rodeio que mais te marcou durante essa trajetória?
Baggiotto: Cada rodeio tem tem a sua peculiaridade, poderia qualificar cada um deles com amplos adjetivos. Pelo local, pelas pessoas, pelos acontecimentos. Mas narrar a Vacaria, principalmente, quando fui pela primeira vez, foi uma emoção diferente.
Blog: Como é tua preparação quando sabe que no final de semana tem rodeio para narrar? Te prepara durante a semana ou chega na hora e vem tudo na cabeça?
Baggiotto: Creio que o grande diferencial do sucesso do narrador seja a capacidade de percepção, de aproveitar a oportunidade, de pegar o "pulo-do-gato". Eu busco alguns recursos anteriormente, mas a maioria das coisas é na hora mesmo. Até mesmo diante da quantidade de fatos e acontecimentos, seria impossível algo pronta ou ensaiado.
"Gostaria de encerrar dizendo da alegria em poder fazer o que faço. Cada acontecimento reverbera esse sentimento de orgulho. Coisas como ver a criação do Blog e Página ENTRE OS TENTOS, bem como ser chamado a dar minha participação, me fazem sempre acreditar na continuidade da nossa Cultura e da nossa Tradição, que sempre me levam a contribuir com muito gosto. Sempre digo que nós temos a responsabilidade de deixar para as nossas futuras gerações tudo aquilo que recebemos dos nossos antepassados. Boa sorte e contem sempre comigo para o que for preciso, entendendo essa mensagem á todos que lerem essa pequena história de vida do narrador Baggiotto. Muito obrigado!"
Uma entrevista com o Narrador Tiago Baggiotto
Reviewed by Entre os Tentos
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Isso aí, meu amigo: Fazer o que gosta e superar a si mesmo, entre outros tantos requisitos para o sucesso que você tem. "é o conjunto da obra"! PARABÉNS TIAGÃO!
ResponderExcluirTiago. O teu caso com a causa tradicionalista é de amor a primeira vista. Lembro de que, quando piá, não descolava dos cavalos e dos rodeios. Também das tuas prosas com o tio Vito. Estás simplesmente colhendo os frutos do que semeaste com muita dedicação em tua infância.
ResponderExcluirParabéns Baggiotto!Mais que merecida está entrevista com este que tanto honra nossa classe,com sinonimos de dedicação,proficionalismo,seriedade e ética.. Alén do ser humano incrivel no qual muito me honra chamar de AMIGO... Abraçosss
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